O relógio parecia ter atrasado e eu só precisava de um tempo para acertar os ponteiros. Caminhei pelas ruas a fim de saber em qual esquina me perdi no tempo e acabei descobrindo além do que pretendia. De repente me dei conta que eu estava precisando de um tempo comigo mesma, aqueles momentos em que eu costumava olhar pra dentro e enxergar todas as minhas necessidades e sonhos e vontades.
Hoje eu olhei pro ontem e me recordei das coisas que eu costumava dizer ao me deparar com situações da vida real de outras pessoas. Compreendi o que não compreendia naquela época, quando me falavam "na prática, as coisas não funcionam desta maneira". Eu não conseguia ler as entrelinhas daquela frase. Hoje eu resumiria essas entrelinhas em "coisas que não se diz". É com pesar que admito que há muitas coisas que eu não devo dizer e que tornam tudo um pouco mais difícil, intensificando meus medos. Tenho medo de machucar as pessoas que amo, e, por este motivo, acabo escondendo algumas verdades. Mas isso é totalmente necessário. Nesses termos, um alívio. Não sou puramente racional como pensava ser, concluo. Isso me permite aceitar alguns poucos exageros provenientes da emoção. Uma dose de tolerância me deixará dormir.