domingo, 1 de fevereiro de 2015

Interessante como as coisas acontecem. Elas simplesmente acontecem. Quando criança, tentando enxergar o futuro, nunca me imaginei sendo o que sou hoje. Achei que com a idade que tenho eu seria muito bem resolvida, dona de mim. Mais uma vez o destino provou que não somos os ditadores das nossas vidas. Claro que o que colhemos tem grande parcela do que plantamos, mas nada depende somente de nós. Falo das intempéries. Hoje me vejo recém formada, engenheira, prestes a iniciar um Mestrado num Estado onde vinha fazendo planos já há um tempo de fincar raízes, ao mesmo tempo em que iniciei um curso técnico à distância que sempre tive vontade de cursar, mas no meu Estado de origem. Essa é a parte boa e fácil da história. Hoje estou prestes a morar sozinha novamente, mas dessa vez muito longe da casa dos meus pais e vivendo às minhas próprias custas (bolsa de Mestrado). No entanto, ainda não me sinto livre pra fazer o que quero. Aos 26, sinto que ainda preciso de permissão pra fazer isso ou aquilo, mas eu acho que logo mais isso vai acabar. Ao menos eu espero, embora acostumada com outra realidade. Já me tornei adulta há muito tempo, mas de repente isso parece muito novo para mim. Ao mesmo tempo que me sinto velha, paradoxalmente me vejo nova. Tem horas que desejo muito casar o quanto antes. Em outros momentos, penso que deveria esperar mais um pouco. Nesse momento eu me encontro meio perdida, cheia de preocupações na cabeça, de ordem financeira e emocional. Há pouco tempo aconteceu algo na minha família que acabou matando grande parte de mim, das coisas que eu acreditava. No momento da raiva eu decidi partir e não voltar mais, deixando todos eles pra trás. Durante muito tempo vivi uma vida que não era minha. O tempo todo segurando a onda de muita gente, tentando proteger a um e a outro. Fazia isso com todo o meu ser, porque acreditava que era o meu dever. Mas aí eu descobri que eu estava remando contra uma correnteza forte e essa descoberta me destruiu. Sinto-me traída e fazendo parte de uma traição cruel. Sinto que preciso fugir, porque chegará uma época em que o sofrimento será maior do que serei capaz de suportar. Decidi fugir para me proteger. Quanto mais distante, menos me importarei. Quero acreditar nisso, porque ao longo dos últimos anos observei que eu nunca conseguiria deixar de me importar, e portanto, sofrer. Não tenho muitas escolhas. Ao tomar minha decisão, não pude e não posso me enganar em achar que não voltarei atrás. Mas por enquanto, sigo firme. Mantenho meu silêncio em protesto. O resto está entregue a Deus.

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