quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ao pôr-do-sol

...Tá frio agora. Uma brisa carregada de saudade arrepia minha alma. O sol já quase adormeceu e eu a contemplá-lo somente na companhia da ausência dele. As ondas. A linha do horizonte. É tudo tão perfeito, tão perfeito que eu morreria admirando. Eu venho todos os dias aqui observar solitariamente a coisa talvez mais preciosa que Deus deu ao homem e ele não sabe reconhecer. Olha! Lá na frente, golfinhos... E aqueles pássaros? Eles estão cantando! Estão cantando!!! Eu entendo o que eles querem dizer. Mas agora é tarde, eles já estão longe, mal posso ouvi-los... E nem tive tempo de dizer o quanto cantam bem e que com muita luta pude entender o que queriam dizer. Sol, fica mais um pouco! Aquece minha alma que insiste em querer congelar sem o calor dos braços dele. Olha! Um casal de borboletas! Eles parecem dançar... Estão sempre juntos; afastaram-se rapidamente. Posso crer que dançaram juntos desde sempre. Sempre lado a lado e dançarão assim enquanto durarem suas vidas. Já não posso vê-los. Sol, só mais um pouquinho! Eu não quero voltar pra casa agora. Você já perdeu todo o calor que possuía, mas fica só mais um pouquinho, pois resta a sua luz ainda que fraca. Tá vendo aquela nuvem ali? Parece o rosto dele. Psiu! Vento! Traz ela pra mais perto de mim, eu preciso admirá-la, por favor! Sol, tua luz ainda me serve. Clareia ela, assim o rosto dele se destaca. Olha, que lindo!

- Amor, todos os dias venho repetir este sonho só pra poder te ver. O frio? Já não importa... Eu estou flutuando... Nem sinto mais minhas pernas. Meus braços? Ah! Eles agora abraçam a imensidão do paraíso. Eu ganhei mais um dia! E não esquece. Amanhã estou de volta só pra dizer que te amo. E assim até o último dia da minha vida. Boa noite!


*Aos 17, escrito num dia 6 de Junho. Post de certa forma inspirado nos últimos posts da Maria Fernanda Probst.

sábado, 19 de abril de 2008

Ping-pong

Seu coração não se decide. Ora bate tum-tum, ora bate toc-toc.
Tum-tum. Cheio. Intrínseco. Pleno.
Toc-toc. Seco. Nulo. Oco.
Temerosa oscilação que remete consequência a prejuízo.
Pobre ser. Tão vulnerável...
Tum-toc-tum-toc... Efeito mutatório sistemático-preocupante comparado ao ping-pong, num vai e volta contrariamente desnecessário (e indesejado).
Menininha grita: “ME IMPEÇA!”
Menininha não quer cair da cama.
Menininha quer colo...
Menininha chorou...


[Ser grande, menininha. Não esqueça isso!]

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Qual o máximo que o mínimo de palavras pode dizer?

Hoje eu acordei bem cedo. Um pouco antes daquela hora que eu acordava só pra ligar ou atender e ouvir uma voz do outro lado dizendo “obrigada por ter ligado, você não sabe o quanto fiquei feliz” ou então “bom dia, meu amor, só te acordei pra dizer que te amo”. Por um segundo, ao lembrar isso, quase me esqueci de hesitar em pegar o telefone e, no ato, ouvir você dizer ao menos “oi”. Foi a primeira vez que agradeci por um “quase”.

Lembra da ponte que fazia escala na lua e ligava dois corações apaixonados? Ela se rompeu. Talvez tenha sido corrompida por algum sentimento casualmente oportunista que por ventura tivesse a missão que desenvolveu tão bem. Quem sabe, não é mesmo?

Embora não me conforme e todo dia tenha que quebrar a aliança entre a minha teimosia e a vontade de saber “os porquês” de tudo, fornece-me o alimento para as minhas certezas.

A propósito: a maior certeza que tenho é que dentro de mim eu conheço você, mas aqui fora eu nunca soube quem é...

Até a próxima escala, coração...

sábado, 12 de abril de 2008

Uma vírgula para esta reticência

E é porque o tempo passa lento, desatento, que atento para a lentidão dos meus passos ligeiramente cautelosos...

domingo, 6 de abril de 2008

Tudo bem

Sobre a mesa encontrava-se o seguinte bilhete:


Bate na porta e se esconde atrás da parede... Nem preciso ir olhar pra saber quem é. Eu sempre soube que é você. Como eu sei? Só sei que sei, e você finge que não sabe que eu sei (ou não acredita).


A porta está destrancada. A geladeira à sua disposição. Se quiser ligar a TV... Mantendo tudo limpo e em ordem, tudo bem. Fique à vontade. Agora me dê licença, que eu tenho um compromisso...


Escrevera porque havia tomado uma decisão. Quando cresceu, entendeu que não podia sofrer. Mas talvez mais que isso. Entendeu que sofre apenas quem quer, quem alimenta o sofrimento por um motivo qualquer.


Acordara para a vida e designara suas prioridades.


Acordara o tempo com suas prioridades...