...Tá frio agora. Uma brisa carregada de saudade arrepia minha alma. O sol já quase adormeceu e eu a contemplá-lo somente na companhia da ausência dele. As ondas. A linha do horizonte. É tudo tão perfeito, tão perfeito que eu morreria admirando. Eu venho todos os dias aqui observar solitariamente a coisa talvez mais preciosa que Deus deu ao homem e ele não sabe reconhecer. Olha! Lá na frente, golfinhos... E aqueles pássaros? Eles estão cantando! Estão cantando!!! Eu entendo o que eles querem dizer. Mas agora é tarde, eles já estão longe, mal posso ouvi-los... E nem tive tempo de dizer o quanto cantam bem e que com muita luta pude entender o que queriam dizer. Sol, fica mais um pouco! Aquece minha alma que insiste em querer congelar sem o calor dos braços dele. Olha! Um casal de borboletas! Eles parecem dançar... Estão sempre juntos; afastaram-se rapidamente. Posso crer que dançaram juntos desde sempre. Sempre lado a lado e dançarão assim enquanto durarem suas vidas. Já não posso vê-los. Sol, só mais um pouquinho! Eu não quero voltar pra casa agora. Você já perdeu todo o calor que possuía, mas fica só mais um pouquinho, pois resta a sua luz ainda que fraca. Tá vendo aquela nuvem ali? Parece o rosto dele. Psiu! Vento! Traz ela pra mais perto de mim, eu preciso admirá-la, por favor! Sol, tua luz ainda me serve. Clareia ela, assim o rosto dele se destaca. Olha, que lindo!
- Amor, todos os dias venho repetir este sonho só pra poder te ver. O frio? Já não importa... Eu estou flutuando... Nem sinto mais minhas pernas. Meus braços? Ah! Eles agora abraçam a imensidão do paraíso. Eu ganhei mais um dia! E não esquece. Amanhã estou de volta só pra dizer que te amo. E assim até o último dia da minha vida. Boa noite!
*Aos 17, escrito num dia 6 de Junho. Post de certa forma inspirado nos últimos posts da Maria Fernanda Probst.