Hoje eu vim aqui pra queimar meu filme. Vim dizer que eu sou a pessoa mais insuportável do mundo quando estou com raiva. Eu não me controlo. Ou, se é que há um pouco de autocontrole, prendo as palavras na garganta de modo que fiquem me sufocando. Ainda assim eu sou venenosa. Eu procuro relaxar, mas não dá. E como se esse não fosse um grave pecado capital - a ira -, quando tudo se dá por resolvido, acertado, entendido, conversado, não sou capaz de voltar ao normal tão facilmente. Mais uma vez eu tento. Mais uma vez eu falho. Até que meu coração derreta esse iceberg no qual se transforma, eu sou irremediavelmente dura e cortante, como um diamante. Quero mudar. Não há ninguém que saia mais machucada nessas horas do que eu mesma.
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