sábado, 29 de dezembro de 2007

Domingos e domingos


Capítulo II


Parte estava lá fora e a outra lá dentro. A noite estava linda, a lua surgia cortando a linha do horizonte e tornando-se a senhora do cenário. Eu, cansada de estar em qualquer lugar contra a minha vontade, debrucei-me sobre a janela eqüidistante dos que se encontravam por ali. A observar a lua nem senti sua aproximação, quando dei por mim já estava sendo abraçada. Naquele momento, por pouco tempo, esqueci do tempo, do espaço, do medo, do perigo, das conseqüências, esqueci do susto e passei a respirar a seu ritmo. Ficamos ali olhando juntos na mesma direção. A janela parecia enorme, maior que a lua que mal cabia em nossos olhos hipnotizados. Aquele instante foi eterno. Passageiro... Acordei e no impulso tentei me desatar do nó que prendia meu corpo ao teu. Tentativa falha. Pediu que eu ficasse ali, que não falasse nada, não temesse nada, estava em seus braços. Mais forte que a minha vontade de permanecer era o medo de nos surpreenderem juntos, daquela maneira, e assim fôssemos obrigados a nos afastar definitivamente. Pensei por mim e por você e fiz força para escapar. Expliquei que tinha gente perto, que era melhor cada um ir para um lado. Seguimos o conselho da razão mas nossos corações ficaram lá, juntos, na janela... testemunhando o nascimento da principal testemunha desse amor.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Domingos e domingos


Capítulo I


Não tínhamos nada para fazer. Sentamos frente a frente e ficamos ali calados embora tendo o que dizer, mas a companhia bastava... Eu jogava pedrinhas para o alto como pretexto para olhar seu rosto lindo em fração de segundos sem ter que explicar por que te olhava tanto. Propôs de um tudo pra mim e eu só queria continuar ali com você distante dos outros. Comecei então a cantar e assim disse tudo o que queria dizer. Você sorriu, parecia gostar e perguntou se eu queria dizer algo com aquela música. Meu coração disparou e com um ar de que me incomodava seu convencimento, falei: é só uma música... Nada mais foi dito até a hora da despedida...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Procurando o que fazer

Estive ouvindo, cantando, concordando...

Surfando Karmas & DNA
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

Quantas vezes eu estive
cara à cara com a pior metade?
A lembrança no espelho,
a esperança na outra margem
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Na falta de algo melhor
nunca me faltou coragem
Se eu soubesse antes o que sei agora
erraria tudo exatamente igual...
Tenho vivido um dia por semana
acaba a grana, mês ainda tem
Sem passado nem futuro,
eu vivo um dia de cada vez
Quantas vezes eu estive
cara à cara com a pior metade?
Quantas vezes a gente sobrevive
à hora da verdade?
Se eu soubesse antes o que sei agora
iria embora antes do final...
Surfando karmas e DNA
eu não quero ter o que eu não tenho
não tenho medo de errar!
Surfando karmas e DNA
não quero ser o que eu não sou
eu não sou maior que o mar...
Surfando karmas e DNA...
na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!!
Surfando karmas e DNA
não quero ter o que eu não tenho
não tenho medo de errar
Surfando karmas e DNA
não quero ser o que eu não sou
eu não sou maior que o maaaaaaar...
ô...ô ô

Em lixo, luxo

Meu lixo não é reciclável, muito embora renovável, há sempre o que aproveitar... A lata está sempre cheia e a vizinhança alheia vem sempre bisbilhotar. Mas que prazer! A porta está sempre aberta mas prefiro que pule a janela para que vestígios não denunciem sua estadia em meu lar. Aqui se pode comentar, todavia espere um boa dia porque nem sempre todo dia uma crítica é construtiva e se faz aceitar! É hora de seletar...

domingo, 23 de dezembro de 2007

Culpados

Eu vi um guri ontem bater a sua porta e você nem atender.
Viu pelo esquema de segurança que um mendigo parecia ser.
Ele insistiu mas triste saiu a lamentar.
E você? Não vi, deve ter ido sossegado descansar.
É verdade, esta gente cansa...
Meio dia, sol escaldante. O asfalto estalava como brasa.
Ele a se queimar e você acondicionando o ar.
Estômagos fartos, sede saciada... [da proteção pra dentro.]
Do outro lado, gases ecoam no vazio gastro, sujeira endurece como cimento.
Há olhos que enxergam o que lhes pertencem, outros o que lhes interessam,
À sombra do desinteresse refresca o acontecimento conseqüente!
...
Os dois caminharam juntos até chegar à ponte. Para ambos, a felicidade.
Quase nada em “casa”, repleta de humildade.
...
Havia polícia naquele quarteirão e nos demais adjacentes...
- Foi seqüestro! O bandido esteve aqui! Ajam, incompetentes!
...
[Recorte de jornal]
Polícia afirma que o seqüestrador pediu uma fortuna para o resgate. O pedido foi negado! Negociações puseram fim ao clima de tensão que reinava visivelmente entre os pais da vítima. O acusado saiu com vantagem: pôde então escolher se preferia prisão perpétua ou pena de morte.
...
- Mas pai, me ouve!
- Calado que até assim você está errado! Você já criou problemas demais... Quer mais dinheiro, não é? O que fez com o dinheiro que te dei pra comprar carro, roupas de marca e luxar nos lugares mais caros do mundo com quantas vagabundas quiser? Irresponsável! Deve estar consumindo em fumaça...
- Pai?
...
E foi em silêncio que a conseqüencia se manifestou...
...
Ninguém quis me ouvir, então cansado me entrego a morte que fará nascer a culpa que te libertará... Eu poderia ter dito, se tivessem me ouvido, que fui eu que bati na porta de casa, cansado, esfomeado, esfarrapado e envergonhado por ter sido assaltado, que em vez do meu “pai” me reconhecer foi capaz de testemunhar que as características de um suposto bandido correspondiam fielmente as que ele “presenciou” no sujeito que rondava a mansão mais cedo, que, sentindo-me frágil e desamparado, aceitei a sua companhia e um abrigo enquanto recuperava a noção das coisas e enganava o estômago que ao descolar suas paredes aliviava a minha dor físical e moral, que você, ao longo dos anos em que vivi, foi a única pessoa que me lançou um olhar gentil, amável e sincero e mais que isso, alguém que assumiu calado uma culpa que nunca teve (por mim), a culpa de ter nascido “pobre” e por conseqüência, não ter direito a voz... Eu poderia ter dito se culpa nenhuma também tivesse... Mas desculpa...

sábado, 22 de dezembro de 2007

Hoje vou fazer diferente

Senta aqui, me ouve dessa vez
Nâo dá pra acabar sem pesar o que vamos perder.
Desde o início eu pensei no fim
E tentei não me apegar tanto a você.
Mas se mandar no coração fosse tão fácil assim
Todo amor seria correspondido.
Você é capaz de discordar de mim?
Quando exagerei e não te pedi perdãoFoi porque se tivesse o feito não seria de coração.
Você vive me pedindo e ainda assim sempre repete o erro
Só que pra mim quando se pede, se compromete em não mais cometê-lo.
Ah, por quantas vezes chorei demais?!
Sempre soube que no início seria 10
E que no decorrer do convívio muito defeito iria aparecer.
Ontem mesmo sonhei contigoVocê me dizia: pra uma mulher ser perfeita os seus defeitos precisa ter.
Em cada vez que pensei em desistir,
Entre choros e conversas a gente se entendia,
Você me dava espaço pra decidir
E eu jurava que sem você minha vida não seguia.
Enfim, antes que a gente brigue,
Ou antes que saia sem tomar uma atitude,
Hoje... você decide!

Destino

De repente o sol ilumina e anuncia um novo dia. Abro os olhos, faz frio mas não há chuva. E ainda aqui desperta em mim uma nostalgia. Esse cheiro da manhã...
Uma brisa muito fresca obrigava a correr livre como em busca da sensação de liberdade. Não ía longe. Soltava as mãos e abria os braços, lutava pra não cerrar os olhos. Pedalar de encontro ao vento enchia de uma paz tão serena que acalentava como um abraço. Um arco-íris logo mais estendia sua alegria e tudo o mais era encantado.
Houve um tempo em que as tardes amarelas causavam medo. E as laranjas mais ainda! Só as cinzentas traziam paz. E quando muito frio, tudo ao redor ficava branco e não se via coisa além de logo ali. E quando o céu estava azul?!? A pele ardia...
Enquanto remava eu fechei os olhos suavemente e você olhando pra mim. Senti um calor interno me aquecer em contraste com o externo. Abri os olhos e não mais o vi à minha frente, mas senti-o atrás de mim. Soltou os remos pra não me deixar cair e quando vi já estava segura. "Tão frágil...", você me disse! À deriva ficamos aquela tarde inteira. Sorrimos das formas que as nuvens tomavam ao sorrirem das formas que tomávamos enquanto sorríamos. Sorrimos a tarde inteira! E a lua nos descobriu...
Mamãe chamava por mim. Desci apressada temendo que tivesse descoberto o que fazia em cima da árvore. Ela não podia me ver com o pensamento longe. Deitada estava eu olhando para o céu, mas não ali. Nem eu nem o céu azul da cor do mar...
Acordei novamente surpresa por ter me pego dormindo outra vez. Ele ainda estava ao meu lado, atrasado para o trabalho. Graças a Deus ainda estava dormindo. Levantei e fui fazer o café. Logo em seguida ele aparece me perguntando se dormi bem. Respondi: Sim, sonhei com você...

Você aqui

Vem, fala algo que eu possa ouvir. Hoje a noite não tá legal. Senta aí, olha pra mim.Não sei quem é você mas senti sua presença. O que eu tenho? Você sabe dizer? 23h e 59min do meu dia eu passei sorrindo mas nesse último minuto tá sendo diferente. 60 segundos parados. Não tô entendendo. Que estranho. Fica, me diz o que vê. Fala qualquer coisa, não sei. Só não eternize esse silêncio, ele não me faz bem. Pode não pronunciar uma única palavra mas diga algo sem falar, se possível. Já vai? Tchau saudade! Obrigada pela companhia. Como eu soube que era você? Na verdade, eu vi quando você chegou bem antes. Só não me dirigi a você há mais tempo porque pensei que não fosse demorar tanto... (04/08/2007_23:40h)