sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Domingos e domingos

Capítulo III

Agoniante! Eu precisava te ver e esse sentimento já estava me consumindo sem dó nem piedade. Nunca entendi essa necessidade quase vital de você, sufocante. O telefone vibra talvez pra me tirar do transe... uma mensagem... aflição! Você foi visto pela cidade! Oh! Tão perto mas ao mesmo tempo tão longe de mim, impossível, eu diria, ver-te aquela noite. Engoli a seco uma revolta que pouco a pouco foi se transformando em conformação. Não havia nada a fazer a não ser ver as horas passarem fadigadas como se durante o dia inteiro tivessem corrido. Sentei-me à calçada de minha casa a relembrar todas as vezes que, juntos, vímos essas mesmas horas passarem. Muito tempo permaneci ainda ali sozinha tentando entender o que me prendia aquele lugar onde jamais havia ficado sem companhia, principalmente àquela hora fria - eu nem gostava. Tanta coisa passou pela minha cabeça; tudo, menos que você fosse aparecer ali como se tivesse adivinhado que eu estava a sua espera. E estava? De repente olhei fixamente para um lugar mais a frente... duas pessoas descem de uma moto. Será você? Não. Não tinha sentido você aparecer justamente na "minha rua", àquela hora e ainda coincidir com o único dia em que eu me encontrava ali. Mas será você? Eu não consigo exergar direito, a iluminação pública é falha. Ah! Devo estar delirando, não há como ser você. Mas vem alguém nessa direção. Devo entrar? E se for um bêbado? Bem, meu pai está logo ali na sala, qualquer coisa eu o chamo. Vou virar a vista para o outro lado até que passe por mim... Está se aproximando cada vez mais, meu coração temeroso dispara incontrolável, respiração quase ofegante; o que está acontecendo comigo? ...
- Orgulhosa, vira o rosto quando me vê?!?
- É você? Desculpa! Eu não tinha certeza, não dava pra ver...
...

Ali, poucos minutos passaram a valer por uma eternidade. Alguma explicação para o que aconteceu? Há quem acredite no acaso, outros no destino. Independente da opinião de cada um, é certo que alguma força superior agiu a favor desse encontro. Quem sabe fosse mesmo impossível deixar de atender a um pedido comum a dois corações e se fizesse necessário intervir no livre arbítrio... em nome do amor! ...

2 comentários:

Critical Watcher disse...

Nada melhor do que ler algo, vendo em sua mente a situação acontecer. Consegui enxergar tudo que você falou. Conheço sua rua, sua calçada e a sala que ali bem perto fica. Riqueza de detalhes, não? Sentimentos aflorando. Parabéns.

Ps.: Da próxima vez, peça pra que "ele" fique mais um pouco. Será surpreendente ouvir isso. E mais ainda contar com uma resposta do tipo: "Pensei que você nunca fosse me pedir isso. Será um prazer"...

Proibida disse...

Permissão! Eu precisei fazer algumas modificações no dado texto porque muito embora tenha havido capricho na hora de escrevê-lo, desprovia de tempo. Enfim, que as alterações tenham o deixado mais claro e com uma dose extra de estímulo à imaginação. Divirtam-se... :)