quinta-feira, 6 de março de 2008

Descarregando as tensões


Não sei bem por onde começar, mas venho falar dos momentos em que eu desabo. Por todas as cobranças e responsabilidades que adquiri tenho de manter uma aparência forte. Sinto que, assim como para os meus problemas, eu tenho de ser firme para os problemas das pessoas com quem eu me preocupo. Tenho que, a todo instante, manter-me em atividade, “segurando a onda” de muita gente quando num momento de necessidade não são capazes de raciocinar direito. Não, eu não sou psicóloga, terapeuta, esse tipo de profissional. Não profissionalmente. Reconhecidamente eu “funciono” como terapeuta dos meus amigos, alguém que escuta (não necessariamente) com atenção aquilo que nem todos “agüentam” escutar, que dá conselhos lógicos e exprime suas opiniões com sinceridade, somente cuidando para que a verdade não promova estragos como uma metralhadora. Que fique claro que eu não estou querendo com isso aqui dizer que sou a voz da razão, ou alguém muito sábia. Não. Eu sou alguém disposta a fazer pra quem necessita o que eu gostaria que fizessem pra mim quando estou precisando, e falando o tanto que eu falo dificilmente alguém se dispõe a ficar do meu lado ouvindo tudo. Pois então... Essa muralha aqui às vezes ameaça ruir. Eu passo um longo tempo sem derramar uma lágrima sequer, agüentando injustiças, sofrendo calada, engolindo a seco as pessoas fingidas que acham que enganam a todo mundo, suportando todas as subestimações, enfim, sobrecarregando a minha boa vontade em querer manter tudo numa boa. Longo tempo mesmo, até que chega um dia em que eu não suporto mais e tenho que colocar pra fora tudo aquilo que está me fazendo mal. Nesse momento eu me sinto fraca, impotente, desprotegida. Escondida, choro até a última gota de lamento que possa existir dentro de mim. Muitas vezes choro de frente ao espelho concordando com cada lágrima que cai dos meus olhos, outras vezes retraio-me num canto de parede até sentir-me fortalecida pra ficar de pé novamente. No fim da crise lá estou eu simplesmente sorrindo para o mesmo espelho e repreendendo-me em pensamento: “ora que besteira”! E como se nada tivesse acontecido, sintonizo-me na freqüência mais carecida e me visto outra vez de eu mesma, mas do meu eu mais forte, “capaz de sobreviver na guerra”.

5 comentários:

Pushoverboy disse...

Se funciona pra você. Eu quando desabo, o faço sozinho e incógnito, mas se pudesse escolher ia pro ombro de alguem...
Bjoo moça forte!

Unknown disse...

Muito forte e muito fraca.

Uma vez ouvi que as pessoas mais fortes são aquelas que se abrem sem medo de falar o que sente e o que vê e como vê o outro e pelo outro.

Dificil ser sempre o que escuta, hoje não mais consigo ouvir, faço de conta que me importo, mas na verdade e que meu egoismo me faz ser sozinho e solitario em minha dor e razão, faço minha alma ser incolor pra parecer tão forte quanto a onda que vem e que traz tudo e tbm leva tudo o que por ela passa!

bj

Anônimo disse...

Parece que todas as mulheres têm algo de cuidadoras. O problema é que quem tem essa característica mais acentuada geralmente acaba se esquecendo de si própria. E esse é um grande erro. Quem cuida também precisa de ajuda, e só consegue ajudar bem quem está bem consigo.

Beijinhos.

Anônimo disse...

Perdoe a falta a demora!
"Time keeps movin' on,
Friends they turn away.
I keep movin' on
But I never found out why
I keep pushing so hard the dream,
I keep tryin' to make it right
Through another lonely day, whoaa."

Não posso lhe dizer muito, nada fará vc mudar tudo isso só vc mesma:)
Então, o que eu poderia dizer talvez:"A Força não vem da capacidade física,
ela vem de uma vontade inabalável."
-- Mahatma Gandhi

Eu sei que vc, e todos podemos conseguir forças para mudar o mundo se assim nos apetecer, não?!

Força!

Beijos

Renato Ziggy disse...

Engraçado que ler esse texto foi como me deparar diante de mim mesmo. Sei bem como é isso, de nem sempre ser fortaleza, mas ainda sim me apresentar como tal diante dos outros. Pra te ser sincero, senti vontade de te dar um abraço, daqueles bem longos, em que palavras não precisam ser ditas, pois o silêncio fala per si. O abraço fortalece, reabastece a gente... Ah, como eu tenho dificuldade de "solicitar" esses abraços quando mais preciso deles.
Mas um dia eu aprendo.
Bjos,
Ziggy