segunda-feira, 27 de julho de 2009

Desabafo

As dores (não mais dúvidas) me consomem. Falamos de outro assunto agora. Uma dor que queima por dentro e faz dos meus olhos verdadeiras fontes de lágrimas que descem colina abaixo. Porque eu não consigo me conformar em ter sido enganada, mais que isso, iludida. Um tipo de ilusão na qual quando pequena eu costumava cair. Um pouco mais crescida, volto a me perder na inocência de pensar ser pra alguém o que esse alguém é pra mim. Das coisas que mais me fazem sofrer. Como se fosse meu ponto fraco. Talvez o seja. Até mesmo sem saber pessoas são capazes de atingi-lo. O problema maior é que só o tempo tem o poder de adormecer essa dor. E só adormecer. Estava adormecida, mas hoje despertou. O que eu faço com o que sinto se cada lembrança parece intensificar esse martírio? Quem tem a palavra mágica capaz de fazer o papel do tempo nesse momento? Na falta da palavra, acho que um abraço bastaria e a palavra deixaria de fazer falta. Falta quem o dê sem um pedido.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Algumas verdades e alguns exageros

Senti a sua falta. Um segundo longe de você, você longe de mim é muito, não acha? Perdoe-me se não quero me desgrudar de você, se preciso de você. É que você faz parte de mim e sem você não sou completa, entende? À noite, enquanto durmo, sonho estar ao seu lado, enquanto dorme. A sua paz me acalma também. Peço que se tiver escolha, não dependa de mim como dependo de você. Porque dessa maneira acabamos cobrando muito um do outro e eu sei que não é possível adivinhar tudo aquilo que outra pessoa deseja. Agora que lembrei, perdoe também se não estou dentro das suas expectativas. Tento ser e fazer o melhor pra você, meu amor. Mas é que às vezes, na dúvida, fico com medo de agir ou falar algo que você não queira. Fala pra mim o que você sente, o que quer de mim. E eu farei o mesmo. Se não me quer como eu o quero, diz pra mim. Prometo saber lidar com a dor. Com ela há muito tempo eu já me entendo. Sou feliz com aquilo que tem pra mim, porém não me deixe na dúvida. Boa noite, meu pequeno e forte raio de luz.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Algumas palavras

Tinha um coração guardado no peito, trancado pra não correr riscos. Agora tenho um coração na mão. Um coração que quase pára cada vez que o telefone toca e uma voz diz que tem uma notícia. Um coração que a cada emoção “supostamente alheia” toma para si tal sentimento. Ainda que apenas eu, sinto por nós. Penso que não sei o que sinto, mas sinto que em que penso parte do que sei.

sábado, 11 de julho de 2009

Os olhos não mentem

Aqueles olhares que já haviam se cruzado algumas vezes na cidade agora se cruzaram num lugar mais propício a se conhecerem. Ela sentada em sua poltrona observando a entrada dos passageiros no ônibus e ele esperando sua vez, na fila, para entrar. A procura de seu lugar, Eduardo direcionou sem querer seu olhar ao olhar de Luciana. Coincidentemente viajariam lado a lado. Essa descoberta foi aceita com prazer. Por educação e pela sabedoria que o passar dos anos o havia proporcionado, Eduardo cumprimentou sua ninfa esperando uma resposta convidativa para continuar a conversa, obtendo-a. Luciana parecia entregar todas as suas expectativas através daqueles risos sem motivos, enquanto Eduardo teimava em seu íntimo com a idéia de que a moça estaria apenas sendo educada. O fato é que a viagem de 8h noite adentro nunca parecera ter durado tão pouco. Ambos seguiam para o interior, mas a princípio não viajariam para o mesmo município. Ao saber que o objetivo da viagem de Eduardo seria apenas descansar sozinho num lugar desconhecido, Luciana não hesitou em convidá-lo para seguir com ela ao interior onde moravam uns parentes com quem ela passaria aquela temporada. Eduardo custou a crer no convite. Como alguém convida um recém conhecido pra passar férias na casa de parentes? Mesmo sem acreditar na ousadia, ele aceitou quase como por impulso. Temeu, antes disso, que Luciana mudasse de idéia perante a reação que ele teve em lhe fazer justamente essa pergunta. Luciana manteve o riso frouxo e dizendo que conhecia os olhos dele, completou perguntando por que alguém aceitaria um convite de uma recém conhecida pra passar férias na casa de parentes. Eduardo entrou no clima e respondeu que descobrira que os dois gostavam de correr riscos, mas que estava disposto a ver no que toda aquela loucura iria resultar. Luciana o apresentou para a família como sendo seu namorado de longa data e pediu que reservassem apenas um quarto para os dois, para espanto ainda maior de Eduardo. Era incrível a capacidade dela em surpreendê-lo, o que o deixava ainda mais fascinado. Dividiam a mesma cama e nos primeiros dias se respeitavam como irmãos. Não se tocavam com intimidade. Passavam os dias caminhando pela cidade, descobrindo as belezas que o lugar podia proporcionar a vista e fazendo fotos. As noites passavam em claro, fazendo sempre a mesma coisa: conversando. Num fim de tarde quente, tomando sorvete, sentados no banco de uma praça, brincavam como crianças, um lambuzando o rosto do outro. Luciana parou fitando o rosto de Eduardo com paixão. Eduardo encantado e tomado pela magia do momento, também parou contemplando o semblante de Luciana por alguns instantes. Não se sabe se a magia durou segundos ou minutos, mas virou sonho real a partir do momento em que ele se aproximou de Luciana e falou docemente em seu ouvido que iria provar de seu sabor, deslizando seus lábios pela face lambuzada de sorvete. Nunca uma brincadeira de criança havia sido tão prazerosa e chave de acesso aos domínios da felicidade...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Reflexão

Caminho descalça sobre as pedras. Sozinha, sigo em frente. Sempre em frente. Posso observar de um tudo. A água do mar está morna, mas eu fujo um pouco dela, pois no molhado onde o vento bate queima de frio. Procuro olhar para a linha do horizonte, e dessa forma, piso sem olhar para o chão. Piso em flores, piso em espinhos. É o preço que se paga por andar tão displicente...