terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Quimera


Pela janela eu via lá fora tudo meio distorcido, a chuva vinha de encontro a vidraça. Ao longe, as copas das árvores de um verde esperançoso enchia meus olhos de uma vontade inexplicável de manter-me ali estagnada. Os cavalos corriam incansáveis contra o vento extravasando em suor toda a adrenalina que comandava aquele ritmo frenético. Pareciam bem felizes, portanto, e posso afirmar que me ocorreu uma espécie de inveja deles. Corriam na chuva como se dançassem livremente um som que só eles pudessem ouvir denotando uma liberdade incondicional. E eu trancada ali dentro... Era cedo, mesmo assim a lareira já se encontrava ardendo em chamas, esquentando o ambiente mas nem ao menos amornava meu coração. De súbito, meio inconsciente, investi numa caminhava acelerada e quando passei pela porta da frente lancei-me numa carreira desenfreada até cansar as pernas e cair no meio de uma clareira cercada por diferentes flores de um colorido exuberante jamais vista ou ao menos comentada. Foi então que dei por mim, perguntando-me como havia parado ali e o que pretendia fazer naquele lugar. Fechei os olhos e pude sentir o gosto do ar que se fazia presente naquele meio e senti um perfume masculino intenso, perturbador. Mas de onde vinha? Eu parecia estar sozinha. O aroma das flores era outro. Ofegante ainda, deitei sobre a grama encharcada pela chuva, e as gotas que me atingiam fortemente nem me incomodavam. Senti que algo ou alguém se aproximava e o perfume que eu já estava sentindo foi se intensificando denunciando que estava cada vez mais perto. Incrivelmente eu não conseguia abrir os olhos, nem gritar, nem levantar, nem me mexer. Não tive reação e até que o beijo me desencantasse permaneci extremamente inerte. O beijo... Foi ele quem me reativou os sentidos, porém só quando chegou ao final foi que recuperei a visão. Tinha a minha frente um homem de olhar doce, meigo e sedutor. Agora uma garoa interpunha-se entre nós como fina cortina. Tomou-me em seus braços e pôs-me sobre um cavalo que eu até então não tinha notado presente ali. Subiu logo em seguida em permanente silêncio e seguiu o nosso destino. Eu não sabia para onde iria mas tinha a certeza que aquele comprometimento signicafaria a minha liberdade...

8 comentários:

Pushoverboy disse...

Sacaninha o cara hein?? encontra a moça deitada na grama, tomando chuva, "desacordada" e tasca um beijo, põe no cavalo e leva pra-deus-sabe-lá-onde?? Você ta romântica hoje hein? :p
Bjo moça misteriosa que mostra lingua pros riscos...

Pushoverboy disse...

Aaa realista eu?? Nunca tinham me chamado disso naum!! Mas nunca se sabe...

disse...

Menina, um príncipe? Bela adormecida? Gostei disso. Uma versão moderna dos contos de fadas. :)

Critical Watcher disse...

Eu sei de onde tudo isso partiu... E foi a palavra que mais chamou a minha atenção: LIBERDADE.

Como disse Santo Agostinho: "Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau é escravo, ainda que seja livre."

Sua liberdade um dia vai chegar, acredite... E por mais presa que você esteja, tenha um coração bom, pois o futuro lhe trará boas lembranças...

Beijão!

Pushoverboy disse...

Ei depois vá la no meu que tem uma coisinha pra você... bjoo

Pushoverboy disse...

Eu só espero que as novas impressões sejam melhores que as antigas... ainda mais que agora eu sou "seu" não?? :P

[P] disse...

O que um beijo não faz, não é verdade? Bonito o seu blog!

Moça, brigada pelo adjetivo, embora eu nem me ache "fantástica". Gentil demais, você :)

Beijos.

Pushoverboy disse...

kkkkkkkkk
um lapso... eu li rápido o seu comentário e não percebi a vírgula no fim... mas quanto a procura, bem... não achei ainda, pode ser você. É uma coisa que só saberemos se nos conhecermos ao vivo...